maputo
acordei 8 novamente. fiquei na ronha quase ateh ahs 10. da escola internacional vem o som de uma menina a tocar xilofone. vi da janela que eh indiana. mais tarde cantam o `oh susana´ em ingles. aqui em maputo ha espaco para muitas linguas.
camarao assado. e viva o camarao da minha terra que eh o melhor do mundo.
a ana e o pedro deixaram me na esquina da cristal. fiquei um pouco a pensar que chapa devia apanhar. aqui eh mais dificil, todos eles vao para sitios que nao sei, o sitio real aonde vive muita muita gente. soh conheco xipamanine. falei com uma senhora. este aonde vou desce a 24 de julho toda. depois do surf as esquinas tornam se mais sujas, chego ah esquina com a guerra popular. os meus mapas nao sao muito bons a precisar onde ficam os museus. ando mais um quarteirao e dou de frente com uma imagem que jah tinha visto algures em livros. eh uma fundacao.
estou ah procura do museu da revolucao. assustei um senhor dentro de um toyota carina azul claro cueca e perguntei lhe pelo museu da resistencia. o da revolucao. sim, exacto, esse. eh um edificio de 4 andares que parece quase nunca receber visitas. abrem a porta de proposito para mim.

antes, e para explicar porque me emocionei fico a olhar para o discurso de abertura do samora machel. tinha uma letra de tipo escola primaria com um texto cheio de sonhos que em 1976 ele ainda nao sabia que nao se iam tornar realidade. que a estoria destes que fazem mocambique ainda nao eh divulgada e continua de certa forma esquecida. porque onde nao ha pao nem esgotos, a liberdade e a independencia nao deixam de ser muito importantes mas parecem me coisas pequenas.
nao me compreendam mal. nao sei ateh como se pode deixar de ver que isto nao era tambem portugal. e separar o acesso ao ensino pela cor da pele parece me coisa abominavel. talvez apenas sinta eh que infelizmente todos aqueles desejos legitimos nao passam de um sonho, que se eh bonito, nao altera a vida real das pessoas que aqui vivem.
sai daqui a tentar chegar ah ho cho min sem nada me acontecer, evitando para minha infelicidade, um mercado improvisado e manhoso que havia ali perto. foi dificil encontrar o museu nacional de arte. ou os guias teem as esquinas erradas ou sou eu que vejo mal. sou eu que vejo mal. o museu tem uma caixa para doacoes ah entrada. nao se paga bilhete. donar. explica o senhor da entrada. comprei uns livros sobre a musica de mocambique. as obras sao pinturas e esculturas, na maioria, e uma ou outra instalacao sem piada nenhuma. ve se porque o malangatana e o chissano sao mais falados. as esculturas makonde do segundo entram por nohs adentro.
ainda aqui dentro perguntei pelo mozarte, eh ao virar da esquina. a mozarte eh uma especie de cooperativa de artistas que fazem e vendem tecelagem, escultura, reciclagem, batiks, ceramica. tambem se pode ter aqui aulas e aprender a fazer. quem me explica isto tudo eh o sr. max que me fez uma visita guiada aos ateliers que estao todos voltados para um atrio/patio interior da casa.
daqui segui pelas ruas ah volta do mercado ateh ao cafeh continental. comecou a chover e comprei dois bolos e um sumo. enquanto esperava que a chuva passasse abrigada na esplanada do continental veio ter comigo o inacio, o rapaz dos batiques.

o inacio jah tinha tentado no dia anterior a sua sorte para me vender aqueles quadros feitos de cera que ha por todo o lado, mas a boleia da ana e a minha falta de vontade de comprar deram cabo do negocio. desta vez eu tinha mais tempo, ia de chapa para casa...
acho que foi a segunda vez que comprei alguma coisa com uma nova tecnica: a tecnica de ateh nao queria comprar. juro que nao eh uma tecnica programada. o caso eh que o inacio queria muito vender me os batiques. e tinha um daqueles sorrisos deles que me fazem deixar que me mostrem batique a batique, quadro a quadro.
a questao de verdade aqui eh que eu tinha que por os postais no correio. e soh tinha comigo pouco mais de 300 contos. e expliquei ao inacio que voltava no fim de por os postais. pois os correios de mocambique ateh funcionaram lindamente, mas diabos, 25 contos para enviar uma carta parece me demais. mas tinha que ser. soh que sobraram apenas 30 contos para o batique do inacio... e ele sempre com a esperanca de que fosse 50. bem, expliquei lhe que tambem eu tinha que apanhar um chapa e que por isso o resto dos trocos que tinha eram para isso. e ele ficou a olhar. sim, porque nestes chapas, como nos outros, nao se veem estrangeiros de todo. o certo eh que lah fizemos negocio, mesmo depois de eu lhe dizer que se achava que era pouco dinheiro ficava tudo bem na mesma, mas ele assim vendeu, contente na mesma. pedi lhe ajuda para me dizer o melhor sitio para apanhar o chapa dali da baixa para a parte alta e tirei lhe uma foto, para ele ficar na minha memoria.
entrei sem saber o destino do chapa e tive que sair na esquina com a mao tse tung. dei uma volta hiper rapida ao mercado janeta e sai porque num mercado que jah nao estah em funcionamento, uma rapariga ao fim da tarde, que estah ali a fazer?
fui ah procura da eduardo mondlane, mais ruas e ruas com vivendas lindas e arvores com folhas e folhas. passei pelo pronto a vestir afro, que jah tinha visto algumas vezes ao passar de carro. na esquina com a mondlane apanhei o meu ultimo transporte publico em mocambas: um autocarro dos anos 50. este sim ia para o museu (a paragem mais perto da nossa casa) e jah cah devia andar na terra desde muito antes de eu nascer. o cobrador nao tinha troco e por isso a viagem ficou ainda mais barata do que de chapa. 4 contos.
fomos fazer o primeiro jantar de despedida com o chico. jantamos num indiano que era como estar em nova delhi. uma daquelas grandes familias de indianos ocupava uma parte da sala com um aniversario. o indiano que servia ah mesa falava melhor ingles que portugues. e voltamos no defender do chico. e foi um dos melhores jantares da viagem. eh bom ganhar amigos assim. de uma viagem.
de seguida fomos ao africa bar, que fica no antigo cine africa

e aonde ahs quintas ha musica ao vivo. a entrada fazia lembrar um outro qualquer bar ou discoteca numa outra qualquer cidade do mundo. lah dentro havia quase tantos estrangeiros como mocambicanos e elas (as mocambicanas) estavam arranjadas como nunca vi. lindas e altas, muito mais altas do que eu. encontrei o orlando, um amigo de um pedro amigo de lisboa, no meio daquilo tudo, meio ahs cegas, porque soh tinha visto a cara dele num blog. estivemos para ali a ouvir a musica enquanto era ao vivo, mas depois comecou a dar musica dos anos 90 e pedi lhe para irmos dar uma volta.
fomos ah baixa, de noite, onde todas as pessoas que por ali deambulam de dia, nao estao. finalmente conheci a rua do bagamoyo e o luso e o mambo s e outro que nao me lembro o nome. uma visita safari. foi giro, mas a noite de maputo nao se pode dizer que seja uma grande noite, ou sou eu que jah nao estou muito para isto.
fomos para casa. eu estou estoirada...
camarao assado. e viva o camarao da minha terra que eh o melhor do mundo.
a ana e o pedro deixaram me na esquina da cristal. fiquei um pouco a pensar que chapa devia apanhar. aqui eh mais dificil, todos eles vao para sitios que nao sei, o sitio real aonde vive muita muita gente. soh conheco xipamanine. falei com uma senhora. este aonde vou desce a 24 de julho toda. depois do surf as esquinas tornam se mais sujas, chego ah esquina com a guerra popular. os meus mapas nao sao muito bons a precisar onde ficam os museus. ando mais um quarteirao e dou de frente com uma imagem que jah tinha visto algures em livros. eh uma fundacao.
estou ah procura do museu da revolucao. assustei um senhor dentro de um toyota carina azul claro cueca e perguntei lhe pelo museu da resistencia. o da revolucao. sim, exacto, esse. eh um edificio de 4 andares que parece quase nunca receber visitas. abrem a porta de proposito para mim.

antes, e para explicar porque me emocionei fico a olhar para o discurso de abertura do samora machel. tinha uma letra de tipo escola primaria com um texto cheio de sonhos que em 1976 ele ainda nao sabia que nao se iam tornar realidade. que a estoria destes que fazem mocambique ainda nao eh divulgada e continua de certa forma esquecida. porque onde nao ha pao nem esgotos, a liberdade e a independencia nao deixam de ser muito importantes mas parecem me coisas pequenas.
nao me compreendam mal. nao sei ateh como se pode deixar de ver que isto nao era tambem portugal. e separar o acesso ao ensino pela cor da pele parece me coisa abominavel. talvez apenas sinta eh que infelizmente todos aqueles desejos legitimos nao passam de um sonho, que se eh bonito, nao altera a vida real das pessoas que aqui vivem.
sai daqui a tentar chegar ah ho cho min sem nada me acontecer, evitando para minha infelicidade, um mercado improvisado e manhoso que havia ali perto. foi dificil encontrar o museu nacional de arte. ou os guias teem as esquinas erradas ou sou eu que vejo mal. sou eu que vejo mal. o museu tem uma caixa para doacoes ah entrada. nao se paga bilhete. donar. explica o senhor da entrada. comprei uns livros sobre a musica de mocambique. as obras sao pinturas e esculturas, na maioria, e uma ou outra instalacao sem piada nenhuma. ve se porque o malangatana e o chissano sao mais falados. as esculturas makonde do segundo entram por nohs adentro.
ainda aqui dentro perguntei pelo mozarte, eh ao virar da esquina. a mozarte eh uma especie de cooperativa de artistas que fazem e vendem tecelagem, escultura, reciclagem, batiks, ceramica. tambem se pode ter aqui aulas e aprender a fazer. quem me explica isto tudo eh o sr. max que me fez uma visita guiada aos ateliers que estao todos voltados para um atrio/patio interior da casa.
daqui segui pelas ruas ah volta do mercado ateh ao cafeh continental. comecou a chover e comprei dois bolos e um sumo. enquanto esperava que a chuva passasse abrigada na esplanada do continental veio ter comigo o inacio, o rapaz dos batiques.

o inacio jah tinha tentado no dia anterior a sua sorte para me vender aqueles quadros feitos de cera que ha por todo o lado, mas a boleia da ana e a minha falta de vontade de comprar deram cabo do negocio. desta vez eu tinha mais tempo, ia de chapa para casa...
acho que foi a segunda vez que comprei alguma coisa com uma nova tecnica: a tecnica de ateh nao queria comprar. juro que nao eh uma tecnica programada. o caso eh que o inacio queria muito vender me os batiques. e tinha um daqueles sorrisos deles que me fazem deixar que me mostrem batique a batique, quadro a quadro.
a questao de verdade aqui eh que eu tinha que por os postais no correio. e soh tinha comigo pouco mais de 300 contos. e expliquei ao inacio que voltava no fim de por os postais. pois os correios de mocambique ateh funcionaram lindamente, mas diabos, 25 contos para enviar uma carta parece me demais. mas tinha que ser. soh que sobraram apenas 30 contos para o batique do inacio... e ele sempre com a esperanca de que fosse 50. bem, expliquei lhe que tambem eu tinha que apanhar um chapa e que por isso o resto dos trocos que tinha eram para isso. e ele ficou a olhar. sim, porque nestes chapas, como nos outros, nao se veem estrangeiros de todo. o certo eh que lah fizemos negocio, mesmo depois de eu lhe dizer que se achava que era pouco dinheiro ficava tudo bem na mesma, mas ele assim vendeu, contente na mesma. pedi lhe ajuda para me dizer o melhor sitio para apanhar o chapa dali da baixa para a parte alta e tirei lhe uma foto, para ele ficar na minha memoria.
entrei sem saber o destino do chapa e tive que sair na esquina com a mao tse tung. dei uma volta hiper rapida ao mercado janeta e sai porque num mercado que jah nao estah em funcionamento, uma rapariga ao fim da tarde, que estah ali a fazer?
fui ah procura da eduardo mondlane, mais ruas e ruas com vivendas lindas e arvores com folhas e folhas. passei pelo pronto a vestir afro, que jah tinha visto algumas vezes ao passar de carro. na esquina com a mondlane apanhei o meu ultimo transporte publico em mocambas: um autocarro dos anos 50. este sim ia para o museu (a paragem mais perto da nossa casa) e jah cah devia andar na terra desde muito antes de eu nascer. o cobrador nao tinha troco e por isso a viagem ficou ainda mais barata do que de chapa. 4 contos.
fomos fazer o primeiro jantar de despedida com o chico. jantamos num indiano que era como estar em nova delhi. uma daquelas grandes familias de indianos ocupava uma parte da sala com um aniversario. o indiano que servia ah mesa falava melhor ingles que portugues. e voltamos no defender do chico. e foi um dos melhores jantares da viagem. eh bom ganhar amigos assim. de uma viagem.
de seguida fomos ao africa bar, que fica no antigo cine africa

e aonde ahs quintas ha musica ao vivo. a entrada fazia lembrar um outro qualquer bar ou discoteca numa outra qualquer cidade do mundo. lah dentro havia quase tantos estrangeiros como mocambicanos e elas (as mocambicanas) estavam arranjadas como nunca vi. lindas e altas, muito mais altas do que eu. encontrei o orlando, um amigo de um pedro amigo de lisboa, no meio daquilo tudo, meio ahs cegas, porque soh tinha visto a cara dele num blog. estivemos para ali a ouvir a musica enquanto era ao vivo, mas depois comecou a dar musica dos anos 90 e pedi lhe para irmos dar uma volta.
fomos ah baixa, de noite, onde todas as pessoas que por ali deambulam de dia, nao estao. finalmente conheci a rua do bagamoyo e o luso e o mambo s e outro que nao me lembro o nome. uma visita safari. foi giro, mas a noite de maputo nao se pode dizer que seja uma grande noite, ou sou eu que jah nao estou muito para isto.
fomos para casa. eu estou estoirada...
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